segunda-feira, 4 de abril de 2016

"Poupanças" no Panamá e a entrevista de D.Trump ao Washington Post

Se usou a firma de advogados Cossack Fonseca (se calhar ainda é meu parente...) no Panamá, para esconder as suas "economias", está com um problema nas mãos. Parece que 11 milhões de documentos daquela firma estão nas mãos de jornalistas de todo mundo. A escala desta fuga de informação não tem precedentes, mesmo comparando com o Wikileaks.

A primeira ronda da cobertura dos media está a concentrar-se nos políticos que transferiram dinheiro dos seus países - incluíndo cerca de 2 mil milhões de dólares de colaboradores muito próximos de Vladimir Putin.

Esta orgia jornalística é provável que dure meses e que arraste na sua esteira grandes companhias e bancos.  É um pouco cedo para prever, mas acho que este escândalo pode dar um grande impulso para uma reforma do sistema fiscal e financeiro global.

Separadamente, o Washington Post publicou no sábado  passado uma longa e fascinante entrevista com Donald Trump, que fornece um olhar mais claro do seu pensamento sobre a política económica. É uma mistura da audácia Trumpiana, o analfabetismo económico e uma lógica peculiar. Alguns dos tópicos:

-Trump acredita que o dinheiro fácil criou uma bolha que deixa os EUA à beira de uma "recessão maciça."

-Refere que o "real" unemployment rate is not 5 percent, but in "the twenties," and that the U.S. pays the "highest taxes in the world" - sugerindo ou uma total ignorância, ou desprezo pelas estatísticas oficiais. O Vitor Gaspar pode dar uma ajuda nestas comparações Trumpianas.

-Promete um corte nos impostos, mas afirma que pode eliminar a dívida pública em 8 anos, o que traduz uma monumental falta de compreensão do que são as finanças públicas básicas ao alcance de qualquer um, como é o meu caso.

-Trump diz que vai fazer isso através da renegociação de acordos comerciais e de corte déficits comerciais - exibindo não só uma arrogância notável sobre suas competências de negociação, mas também confusão sobre a ligação entre os déficits comerciais e déficits orçamentais.

Pode-se ler a transcrição da entrevista aqui:

Enfim, como alguém dizia, as próximas eleições nos EUA constituem um teste de QI ao povo americano.

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