Ainda na ressaca da crise financeira de 2008, os valores das multas que estão a ser aplicadas nos EUA às grandes instituições financeiras atingem já um quarto do nosso PIB.
Goldman Sachs concordou ontem em pagar 5,1 mil milhões de dólares admitindo uma “ séria má conduta” (“serious misconduct”) no tratamento de mortgage-backed securities (títulos lastreados por hipotecas) produto inexistente em Portugal, defraudando os investidores. No entanto, a Goldman Sachs, receberá benefícios fiscais que reduzem o pagamento ao tesouro americano para cerca de 4 mil milhões de euros, segundo o New York Times de ontem. É no entanto dinheiro real, que soma aos 13 mil milhões da J.P. Morgan Chase, 16 mil milhões do Bank of America, 7 mil milhões do Citigroup e 3,2 mil milhões do Morgan Stanley.
Não obstante as primárias ocuparam grande parte do tempo nos media, este tema está a provocar a ira dos americanos. Estes querem saber qual a razão pela qual as pessoas que geriram ou, gerem, estes grandes bancos não estão na cadeia. Tornou-se um dos temas mais populares na vida pública americana: Os grandes bancos fizeram explodir a economia global, mas ninguém foi para a cadeia.
Então, porque é que os banqueiros de topo não foram parar à cadeia? Não é certamente por falta de procuradores federais e estaduais, ansiosos por se promoverem colocando-os entre grades. Também não é pela eventual manipulação do sistema de justiça criminal, ou porque os banqueiros de topo são de alguma forma “Too big to jail."
Não. A verdadeira razão para estes banqueiros não estarem na cadeia é porque - preparem-se - não cometeram crimes. Eles podem ter sido culpados por ganância, negligência, falta de visão, falta de supervisão, comportamento de manada, cegueira voluntária e até mesmo a estupidez. Mas não há nenhuma evidência de que eles conscientemente se tenham envolvido em atividades fraudulentas.
Isto é uma resposta nada satisfatória. A multidão quer um linchamento. Mas, com o actual quadro legal nos EUA, parece que vão ter que se contentar com um “meros” 44 mil milhões de euros!
Por cá houve banqueiros que foram presos e libertados, pagaram fianças, e aí estão fazendo a sua vidinha sem contratempos de maior, e nós vamos ter que pagar os seus desmandos.
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