quarta-feira, 8 de junho de 2016

Alemanha: Crescimento do PIB sustentado pela procura doméstica

O crescimento do PIB alemão progrediu 0.7% no primeiro trimestre de 2016, pela primeira vez desde o início de 2014. Este aumento foi impulsionado pela forte procura doméstica, mas também contrariado pela forte quebra nas exportações, que constituem o motor tradicional da economia alemã. Levantam-se dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo alemão ...

Estamos a assistir uma revolução económica? A acreditar nas primeiras estimativas do crescimento, divulgadas pelo Departamento Federal de Estatísticas, Destatis, tudo está a ir bem na Alemanha, com uma progressão de 0,7% do produto (PIB) no primeiro trimestre de 2016. Não se vê razão para contentamento quando as previsões mais otimistas previam 0,5% e o crescimento da zona euro está limitado a 0,6%. Os dados publicados mostram uma mudança de motor económico com o abrandamento da potente exportação, compensada pelo aumento da procura interna e, em particular, do consumo.

Para os analistas "as importações beneficiam da forte procura doméstica, mas as exportações continuam a ser importantes para a Alemanha. As duas curvas tendem a convergir, isso não significa o fim da predominância do comércio exterior. Além disso, a prolongada crise de crescimento nos países emergentes como a China e a Índia está a reverter, observando-se já uma recuperação nas commodities, isto pode traduzir-se no regresso ao forte crescimento na Ásia e, portanto, beneficiar da Alemanha, muito ligada aqueles países pelas suas exportações. "

"O crescimento foi travado pelo comércio externo, com as importações a cresceram mais rapidamente do que as exportações. A informação divulgada a partir da Destatis pode, à primeira vista surpreender já que a Alemanha sempre primou pelas suas fortes de exportações. Olhando mais de perto, o anúncio finalmente confirma a inversão da política económica praticada pela Chancelaria. Ciente das limitações de uma economia baseada no comércio exterior, a Alemanha optou por apoiar a procura interna. Resultado: A taxa de desemprego (cerca de 6%) nunca foi tão baixa desde a reunificação em 1990. Melhor, sindicatos e empregadores na indústria metalúrgica concordaram com um aumento salarial de 4,8% ao longo de 21 meses. Tudo combinado, e com a redução da factura da energia, devido aos preços baixos do petróleo temos as condições para dinamizar o consumo das famílias alemãs.

Outro factor conjuntural, que foi o acolhimento a mais de um milhão de requerentes de asilo empurrou o Estado a gastar mais no país, fortalecendo assim a procura interna. Finalmente, o país beneficia com o retorno dos investidores ao mercado imobiliário e da relativa boa saúde da indústria da construção.

Um aumento sustentado? O país sempre demonstrou uma capacidade para encontrar fontes de crescimento em áreas menos tradicionais. Ainda assim, a dependência da procura externa sempre forte e dos números inflacionados por um mês de Janeiro excepcional deverão limitar o avanço do PIB neste ano. Em causa a desaceleração duradoura que prejudica os países emergentes como a China ou o Brasil. O FMI antecipa "apenas" um crescimento de 1,5% no final de 2016, uma estimativa abaixo da previsão de 1,7%, prevista por Berlim ...

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