A primeira vez que li António Sousa Homem foi na Revista K, dirigida por Miguel Esteves Cardoso e editada mensalmente. A revista foi publicada entre 1990 e 1993. Recordo que começava sempre a leitura pelas crónicas do Dr. António Sousa Homem, onde se podia ler em pé de página que o “Dr. António Sousa Homem não tem e-mail”. António Sousa Homem, Advogado de profissão, nascido em 1920 e retirado nos confins do Alto Minho. passa inverno no seu palacete de Ponte de Lima onde se pode ver um retrato do Senhor D. Miguel, e os meses de verão em Moledo.
Ultra conservador e homem de hábitos, a sua perspectiva irónica sobre os costumes e a evolução da sociedade portuguesa é do melhor que já li, transformando cada leitura num momento delicioso de humor que apetece não ter fim.
Daí que aconselhe vivamente os seus três livros, “Os Ricos Andam Tolos”, “Os Males da Existência” e mais recentemente “Um Promontório em Moledo” que correspondem a compilações das suas crónicas semanais, espalhadas pela imprensa nacional.
Dito isto, confesso que sempre imaginei o Dr. Sousa Homem no remanso da sua merecida reforma, à sombra das árvores seculares do seu jardim enquanto lia o “Minho Pittoresco” e velhos exemplares de “O Primeiro de Janeiro” mas, há tempos a ler um número da revista “GQ”, “tropecei” na entrevista mensal de João Pereira Coutinho, desta feita ao escritor Francisco José Viegas.
Se já admirava FJV pela sua escrita, agora passei a admirá-lo ainda mais: é que no decurso da entrevista revela-se finalmente aquilo que para mim era uma mera suposição, mas que não conseguia materializar – que o Dr. Sousa Homem era um pseudónimo e que o seu verdadeiro autor, agora confesso, é nada mais nada menos que o próprio FJV.
Se se perdeu o encanto do mistério, ganhou-se certamente maior longevidade para a sua obra, já ameaçada pelos 90 e muitos anos anos do Dr. Sousa Homem.
No livro " Os ricos andam tolos " estranhei uma forte alusão a que os Homem tivessem sido perseguidos pela Inquisição
ResponderEliminarGente com origem no Minho ,retratos de D. Miguel casa antiga em Ponte de Lima ,tudo indicaria Familiares ao Sto Ofício e não o contário . Hoje ao deparar com F. J. Viegas numa lista de Judeus portugueses e a zona do seu nascimento fez-se claro que fizera uma transferência da família do autor para a do Sousa Homem