José Sócrates, manipulava os números, e na parte final da sua queda, era obstinado em dourar a pílula num tom muito assertivo. Passos Coelho, é mais sereno na comunicação, mas manipula e mente. Ou sendo mais rigoroso, é omisso e mente na maneira como informa os portugueses, com o beneplácito de Cavaco Silva. Isto vem a propósito da antecipação do pagamento de 14 mil milhões do empréstimo concedido pelo FMI, e da contribuição de Portugal para o resgate da Grécia.
Dois exemplos:
Em Setembro de 2014, Pedro Passos Coelho em Atenas afirmou que “o reembolso antecipado ao FMI é bom princípio também para Portugal”. Em Janeiro, ouvi a Ministra das Finanças anunciar no Parlamento que o Estado acumulou “um montante de reservas de liquidez muito significativo” e que ia proceder ao pagamento antecipado do empréstimo de 14 mil milhões. Depois, Cavaco Silva reforçou “É um ganho para Portugal, é uma ganho para os Portuguese e eu espero que seja um ganho para aqueles que foram mais atingidos pelos problemas que atingiram o nosso país".Fiquei surpreendido e satisfeito, porque finalmente começava a haver uma luz ao fundo do túnel. Pensei que todos os sacrifícios feitos pelos Portugueses nos últimos três anos começavam a ser compensados com a redução da maldita dívida.“ Entretanto Manuela Ferreira Leite, no seu espaço na TVI24 desta semana, não obstante considerar uma boa iniciativa, esclarece que este pagamento não tem nenhum efeito sobre a dívida, uma vez que se trata de trocar dívida a um juro mais alto, por uma nova a um juro mais baixo. Ou seja o documento dos 70 que falava em restruturação da dívida, afinal tinha razão de ser, já que o que se fez foi um tipo de restruturação.
Passos Coelho, no final do do Conselho Europeu Informal afirmou "Portugal é de longe o país dentro da União Europeia que em percentagem do seu produto maior esforço fez de apoio e solidariedade em relação à Grécia e, portanto, teríamos mais do que gosto em saber que os esforços que fizemos ajudaram a Grécia a vencer os seus problemas”. Não foi, segundo o Jornal Público de ontem. Portugal está, na verdade, entre os países da zona euro que concederam, até agora, menor volume de empréstimos à Grécia, quer em percentagem do PIB, quer tendo em conta dimensão da sua população como se vê neste gráfico. A razão para este facto prende-se com a entrada da troika em Portugal: a partir do momento em que o país começou a ser ajudado, ficou naturalmente dispensado dos custos associados à ajuda financeira à Grécia.
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