domingo, 30 de agosto de 2015

Os idosos são um peso.



Para reflectir sobre os efeitos da desumanização provocada pelo "progresso" civilizacional e a actual realidade social: o desprezo pelo Homem (cada vez mais constante na civilização ocidental) e o simulacro de cuidados sociais para as estatísticas. Por cá ainda será pior, com os governantes a considerarem que os idosos são um peso.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

As escolas europeias que produzem os quadros mais bem pagos na finança.


Para me manter actualizado, no que a salários praticados na Europa diz respeito, utilizo o site da nova economia de partilha, Emolument, que é conhecido por realizar benchmarking de salários no espaço europeu.

Recentemente o Emolument, realizou um survey sobre a origem académica dos quadros mais bem pagos na finança europeia e, para minha surpresa, no topo encontra-se a L'École Polytechnique da Universidade de Paris-Saclay.

Segundo este survey, quem pretende um lugar bem pago na área das finanças, deve frequentar uma universidade em França. É um dos resultados de um inquérito feito pela Emolument a recentes licenciados a trabalhar na área financeira.

Os licenciados mais bem pagos, de acordo com um survey de 700 profissionais, com um BA, BSc, ou com um Mestrado (não MBA) depois de 2011, frequentaram a École Polytechnique, em Paris, uma das mais prestigiadas universidades de França.

A Emolument, avaliou a média dos salários nos primeiros quatro anos de trabalho, olhando somente para as escolas Europeias.

A média de salários dos licenciados na École Polytechnique era de 102 740€ por ano. A escola é conhecida pela sua exigência nas Matemáticas, Ciências e Engenharias. Estes aspectos são frequentemente relevados, já que a destreza numérica é uma competência altamente valorizada e portanto o local ideal para a criação de futuros banqueiros, é Polytechnique.

Em segundo lugar vinha a London Business School, cujos os licenciados de 2011 têm uma remuneração anual base de 90 420€, um pouco à frente da École Centrale de Paris, outra Universidade francesa com uns dos mais celebrados lugares para aprender ciência e engenharia, que é colocada em terceiro lugar.

Para além do facto de formar licenciados com um potencial de altos salários, o Emolument sublinha que as escolas francesas de engenharia não cobram propinas, ou se cobram são muito baixas. Acresce que a Polytechinique paga aos seus alunos cerca de 700€ por mês, para além de outros benefícios. Isto compara favoravelmente com muitas escolas de negócios, onde as propinas anuais se situam frequentemente nos 20 000€. Dito isto, os estudantes franceses pagam menos que os seus colegas no Reino Unido, por exemplo, e a duração dos seus estudos tem uma duração mínima de 5 anos, enquanto no Reino Unido os estudantes estão no mercado de trabalho ao fim de 3. 

Abaixo a tabela completa com as primeiras 15 escola de acordo com o survey da Emolument.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A aplicação da Self-Determination Theory na motivação dos trabalhadores



Anos na condução de pessoas, mostraram-me a necessidade das empresas implementarem processos de reconhecimento dos seus colaboradores, com efeitos na performance individual e no negócio. 

Passei por várias modas. Da gestão por objectivos até aos sistemas de avaliação de gestão e desenvolvimento, em todos encontrei pontos fracos e fortes, mas sem duvida que a sua implementação melhorou a motivação dos colaboradores, e por consequência o desempenho das várias áreas de resultado no desempenho do negócio.

Manter os colaboradores motivados, não é tarefa fácil mas é essencial, e desde o topo da gestão, passando pelos diferentes responsáveis, todos têm que estar cientes da importância deste pilar da gestão.

A motivação para a mudança e o crescimento tornou-se o tópico central da agenda Europeia. Os períodos de estabilidade parecem ser cada vez mais curtos e muitos esforços têm sido investidos em busca das sementes do crescimento e de um desenvolvimento estável. Os governos aguardam pela “destruição criativa” para resolver as crises económicas, criação de crescimento que gere emprego para os que não o têm.

A questão do papel dos sistemas de gestão do recompensa (reward management) no reforço da mudança e do desenvolvimento permanece em grande parte sem resposta. A questão de elementos e práticas da recompensa no suporte ao aparecimento de novas e renovadas estruturas precisa de respostas.

Muita ênfase tem sido colocada nos desenvolvimentos tecnológicos durante os anos 2000 para o aumento da produtividade. Em muitos países, apesar das altas taxas de desemprego, os que têm trabalho parecem experimentar mais intensificação do que nunca.

O envelhecimento da população tem forçado os políticos em toda a Europa a activar legislação que permita mais horas de trabalho, a fim de garantir a sobrevivência das pensões bem como os sistemas de segurança social. Simultaneamente, o mundo do trabalho está a mudar  rapidamente por causa por uma lado, da geração do milénio, geração Z, e por outro, dos emigrantes. Ambos, estão agora a substituir um mundo do trabalho envelhecido.

A questão central para a gestão são os valores e crenças destes grandes grupos muito diferentes nos valores e crenças das gerações mais velhas, o que eles consideram como gratificante e motivador no seu trabalho.

Novos tipos de postos de trabalho e relações de trabalho também estão surgindo em resultado da globalização e do aumento de trabalho digital.

Os desafios da gestão da recompensa num contexto internacional são consideráveis na rápida expansão global das organizações e no aparecimento de novos actores globais nos países em desenvolvimento . Esses desenvolvimentos têm lançado muitos desafios que têm, simultaneamente, impacto sobre as estratégias de recompensa e os processos das organizações. As principais questões incluem a governação, o poder variável e influência das partes interessadas (stakeholders), liderança, normas e valores culturais, os sistemas jurídicos, caprichos políticos e económicos, pressão competitiva, a utilização de expatriados versus trabalhadores dos países de origem, e a gestão global carreira. 

O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação têm transferido crescentemente mais empregos para a net, criando uma força de trabalho digital. É possível encontrar empregados qualificados em qualquer canto do mundo e contratá-los, geralmente, para trabalhos de curta duração ou até mesmo micro-tarefas. Encontrar trabalho remotamente levou a um aumento significativo de trabalhadores autónomos . Para estes freelancers , o empregador pode aparecer de qualquer lugar e a confiança nas relações de trabalho é o principal activo intangível para manter os processos de trabalho fluidos. As diferenças culturais também terão um impacto significativo no desenvolvimento do trabalho.

Cresce também número de trabalhadores que trabalham em equipas distribuídas, que têm muito mais flexibilidade para moldar as suas vidas do que os seus companheiros localizados numa sede. O seu desempenho é medido e avaliado com base nos seus resultados, em vez de observações sem critério do dos seus processos de trabalho em curso.  

Os sistemas de reconhecimento estão também a mudar. A recompensa monetária está a ser gradualmente substituída por um “paradigma de recompensa total”, onde são equilibradas as recompensas “intrínsecas e extrínsecas”. Da mesma forma, há uma mudança de pensamento sobre o equilíbrio trabalho/vida, onde o “trabalho” é visto como uma actividade secundária na vida de cada um.  

Na “Teoria da Autodeterminação” conhecida por “Self-Determination Theory” ou SDT, Deci e Ryan, apontam que a motivação pode ser promovida através de contextos que satisfaçam as necessidades psicológicas de competência, autonomia e relacionamento. A qualidade da motivação pode ser vista a partir de ambos os aspectos do ambiente social, incluindo as características do trabalho e do ambiente do trabalho, e as diferenças individuais. 

Líderes e gestores dificilmente podem influenciar as características individuais, mas têm capacidade de intervenção, influenciado o ambiente de trabalho e as características e clima organizacional por meio de práticas de liderança. 

A questão do ponto de vista de gestão de recompensa, surge então: como a motivação pode ser fomentada sem a destruir. Mais do que nunca, existe uma forte necessidade de pesquisa académica baseada em evidências relevantes para a prática no domínio da gestão de recompensa, com o propósito de ajudar as empresas a enfrentar os desafios globais nos seus contextos económicos, sociais, ambientais e regulatórios no contexto dos negócios. 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O pânico nas bolsas

Nenhum mercado de acções na Europa e nos EUA foi poupado. Na esteira dos índices asiáticos, as praças europeias na passada segunda-feira, deram um tombo de 4-6%. Wall Street limitou os danos. 

O regresso foi agitado para os que negoceiam em ações. Na agenda, uma queda generalizada das bolsas em todo o planeta. 



Na semana passada, os EUA e os mercados europeus deram um mergulho, registando o seu valor mais baixo em quatro anos. Na segunda-feira, deram novamente um mergulho. Em Londres o FTSE caiu 4,67%, na Alemanha, o DAX caiu 4,7%, na Suíça, o SMI perdeu 3,75%. Na Noruega, onde o índice é dominado por valores associados às matérias-primas, a queda atingiu 5,19%. Às 13h, as 300 maiores empresas europeias perderam mais de 400 biliões de euros de capitalização, calculados pela Reuters.

Wall Street acalmou acalmou as coisas, ao final da tarde. Às 19h, o Dow Jones perdia menos de 1% e o índice tecnológico, Nasdaq, recuava 0,4%.

Mas é na Ásia que as perdas são pesadas. Em Xangai ou Tóquio, fala-se agora de "pânico" e "capitulação" ou num remake da crise financeira asiática dos anos 90, depois de os mercados de ações locais terem apagado a quase totalidade dos ganhos obtidos desde o início do ano.

Qual é o problema? Segundo os jornais económicos, a causa raiz está na China. Face a estagnação económica, o governo chinês agiu em ordem a fomentar as suas exportações. Mas a desvalorização do yuan orquestrado por Pequim há dez dias, desencadeou uma reação negativa em cadeia nos mercados globais. Apesar das tentativas de explicações por parte das autoridades chinesas, a sua intervenção assustou mais do que tranquilizou. Esta intervenção foi, sobretudo, interpretada pelo planeta inteiro como a segunda economia mundial tem necessidade de ajuda para a economia não cair.

De repente, no início de uma semana cheia de indicadores económicos, as perspectivas muito sofríveis para o crescimento e procura global, vêm à superfície.  

É neste cenário que as preocupações sobre a evolução da economia chinesa se intensificam, não obstante a desvalorização da moeda. O que ninguém esperava é que o tombo nas bolsas fosse semelhante ao ocorrido em 1929!

Por mais previsões dos economistas de serviço, não há certezas quanto ao futuro. Segundo a imprensa económica, resta-nos, como sempre acontece, a questão de saber qual vai ser a reacção da Reserva Federal dos EUA. Será capaz ou não de prosseguir com um aumento da taxa de juro. É esta, segundo a imprensa económica a maior interrogação que desestabiliza os investidores. E fico a pensar: o que têm a ver a taxa de juro nos EUA com a acalmia do investidores no mercado de acções chinês?

Seja lá o que for que acalma os mercados, que apareça depressa já que a coisa está a ficar feia.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Os muros da vergonha



Há cinquenta quatro anos começou a construção do muro de Berlim. Quando foi abaixo em Novembro de 1989, a mensagem anunciava a chegada de um mundo novo, aberto e fraternal. Um mundo onde as pessoas podiam circular livremente, finalmente desembaraçadas do espírito da guerra fria. Resultado: Nunca houve tantos muros no Mundo. 

Em 1989, existiam cerca de uma dezena. Hoje são cerca de cinquenta, e mais de 8 000km de muros construídos em 25 anos. Há os mais antigos em fronteiras que parecem intransponíveis como o das duas Coreias, ou entre a Índia e o Bangladesh. Há o mais célebre, que permite a Israel, amputar uma grande parte dos territórios que pertencem de direito a um Estado Palestiniano, transformado em confetti. Há o mais europeu, em Chipre, onde a Turquia cuida do seu quintal. Há o mais recente, na Hungria (ainda na Europa), iniciativa de um governo que não encontrou melhor solução para conter os movimentos migratórios provenientes da vizinha Sérvia. Há o mais arenoso, em construção entre a Tunísia e a Líbia, para proteger a jovem democracia de ataques jihadistas. Há o mais improvável que a Ucrânia queria construir para se proteger do inimigo Russo. Há o mais louco, proposto por Donald Trump, candidato americano nas primárias do partido republicano, entre o México e os Estados Unidos, não obstante já existir um, desde o Golfo do México ao oceano Pacífico.

Em suma, a cortina de ferro new-look, tornou-se o must das relações internacionais. O fim da guerra fria, não desembocou no Éden anunciado pelos espíritos mais ingénuos ou líricos. Conflitos políticos não resolvidos, guerras, problemas étnicos, a ascensão do jihadismo, resultaram num planeta onde se erguem barreiras inéditas de resultados incertos. 


Quanto à mundialização desinibida e desregulada, que deveria conduzir a um mundo sem fronteiras, ela resume-se à constatação assinada por Régis Debray: “Os ricos vão onde querem nas asas; os pobres vão onde podem, remando” . Às vezes mesmo afogando-se.