terça-feira, 24 de maio de 2016

O CEO da General Electric e o mundo actual dos negócios.


Numa conferência com recém licenciados da Stern School of Business, o CEO da GE, Jeffrey Immelt, pôs em evidência três das maiores tendências que afectam, nos dias que correm, o mundo dos negócios globais.

A primeira, e o foco principal do discurso, é a desconfiança crescente do público face ao mundo dos negócios, que nos EUA se traduz no aumento da regulamentação (Obama) e crescente protecionismo (Trump, Sanders, Clinton). Isto não sucede só nos EUA, mas como aponta Immelt“ é crescente por todo o lado”. Esses sentimentos têm tracção na Europa e na América Latina, tanto à direita como à esquerda. O futuro da UE é uma questão em aberto. “Barreiras protecionistas estão a aumentar na Ásia e África." Face a isto, Immelt diz que a GE está a fazer um “bold pivot” longe de globalização tradicional, e no sentido de "localization".

A segunda tendência é o que ele designa por " digitization of assets " Numa conferência no Hamilton College, o investidor Peter Thiel lamentou o facto da palavra "tecnologia" ter passado a significar tecnologia da informação e a inovação em muitos lugares estar moribunda. Mas Immelt vê um o aparecimento de um casamento da tecnologia física e digital que irá desbloquear uma nova onda de produtividade e ajudar a resolver as questões da energia, saúde e outros problemas em todo o mundo. "Por vezes, as empresas conduzem mudanças mais rapidamente do que os governos", disse ele. "É difícil odiar uma empresa que está a trabalhar com vista a reduzir as alterações climáticas e criar empregos."


A terceira é a tendência para as organizações serem mais simples e menos centralizadas, bem como uma forma diferente de liderança. "Burocracias complexas e centralizadas estão obsoletas", disse ele. "A mudança exige novos modelos de negócio ... mais magros, mais rápidos, mais descentralizados. Os dias das ideias globais através de uma sede central estão acabados. A globalização requer uma capacidade de equipas locais habilitadas a assumir riscos."

segunda-feira, 16 de maio de 2016

"Pluralidade e debate"

"Se é certo que desde a implantação violenta da república o movimento monárquico português enfrenta terríveis dificuldades de afirmação, tal deve-se não só à repressão mais ou menos agressiva que sofreu, mas sobretudo à dificuldade que os seus apoiantes vieram demonstrando em estabelecer prioridades que, para lá do indispensável debate de ideias, privilegiassem uma mensagem clara e de unidade: o apoio incondicional a uma instituição representativa da nossa identidade transgeracional como Nação de 900 anos de história, isto é, na Coroa Portuguesa, cujos direitos dinásticos estão na pessoa do Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança. 

Acontece que, sem que se veja sobressair um pensamento novo ou personalidade intelectual que marque a nossa geração, o debate entre as diferentes sensibilidades monárquicas nos dias que passam termina quase sempre em zangas tão insanáveis quanto pueris, o que compromete a já precária relevância pública da nossa Causa – nem que seja por desperdício de energias. 

Passados mais de cem anos sobre o 5 de Outubro de 1910, deveria constituir grande preocupação que a nossa geração não tenha ainda dado à luz uma obra digna desse nome para uma renovação do pensamento monárquico que fez história no século XX: então, tivemos personalidades ilustres e distintas como Jacinto Ferreira, João Camossa, João Taborda, Francisco Sousa Tavares ou Barrilaro Ruas, Mário Saraiva, António Sardinha, Hipólito Raposo, Pequito Rebelo, Almeida Braga, Alfredo Pimenta, e Alberto Monsaraz. Hoje, os poucos que pensam o assunto, as mais das vezes fazem-no levianamente nas redes sociais, consumindo-se numa disputa fratricida com os que afinal não deixam de ser seus correligionários. 

Se o debate de ideias é vital para a credibilidade e consistência da doutrina monárquica, mais decisiva será uma sã coexistência dos diferentes modos de pensar e de ler a realidade. Dessa forma enriquece-se a produção doutrinária e desloca-se o foco do conflito para aquilo que numa escala de valores correcta deveria ser o alvo prioritário da nossa acção: o combate ao ideário republicano (se é que ele existe) e aos (apesar de tudo poucos) facciosos que ainda o defendem. É nesse sentido que o Correio Real desde o seu primeiro número patrocina e desafia a contribuição de quantos se dignem a participar com diferentes opiniões e sustentadas perspectivas sobre História e Monarquia. 

Ainda que sob o signo do improviso e da falta de recursos, os inconformados bravos da Galiza que seguiram Paiva Couceiro para a rebelião armada, tradicionalistas ou liberais puseram de lado as suas bandeiras e sacrificaram-se pela mesma e comum causa maior: Portugal. Nisso devíamos seguir-lhes o exemplo, em homenagem aos nossos antepassados, em comunhão com o nosso Príncipe, para felicidade dos nossos sucessores."

João de Lancastre e Távora
Publicado no Correio Real nº 12 de Janeiro 2016 

sábado, 14 de maio de 2016

Soneto de Fidelidade


Soneto de Fidelidade
Rio de Janeiro, 1960

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O Nuclear está de volta

Pode muito bem ser que o nuclear venha dar resposta aos problemas energéticos do planeta. Existe neste momento uma corrente pró-nuclear alimentada por dezenas de startups pelo mundo fora. Da fundação Bill Gates aos grupos de investigação do MIT, o “Nuclear low-carbon" ganha progressivamente um lugar ao sol. 

Limitar as emissões de carbono e, por consequência, fazer baixar a temperatura média do planeta em 1,5 ° C até 2024, são as duas principais ambições nos acordos assinados em Paris na sequência da COP 2. Num momento em que as energias renováveis representam agora, a nossa principal esperança de um dia conhecer um ambiente mais saudável, surgem dúvidas: São estas fontes renováveis capazes de atender às nossas necessidades de crescimento? E se a solução para a crise energia e a crise climática, for o nuclear? É a nesta última pergunta que investigadores e startups estão apostando, nos últimos anos, em dar resposta.

Desde que Bill Gates, anunciou investir fortemente através de sua firma TerraPower, o sector conhece agora uma dinâmica só vista no início da exploração das centrais nucleares. A energia nuclear de que se fala, está desligada das aplicações militares é menos perigosa para o ser humano e para a natureza. Firmemente convencido que nos pode permitir continuar a produzir a energia que o planeta precisa sem o destruir, o fundador da Microsoft quer "privatizar" o sector   com o objectivo de o libertar da sua associação político-militar. 


Bill Gates, em 2010,  dando um Ted Talk sobre o futuro do nuclear.

De acordo com os últimos dados publicados pelo (Agência Internacional de Energia) IEA em 2013, a produção de energia tem origem, principalmente, na queima de combustíveis fósseis (68%), nas energias de baixo carbono 32%, e 11% da energia nuclear. A ideia seria a de inverter esta tendência. Parece que estamos a assistir a uma espécie de revolução coperniciana da energia nuclear, até agora dominada por grupos poderosos ligados ao fabrico de armamento e hostis ao  desenvolvimento tecnológico. 

Dois jovens do MIT usaram o "Founders Fund", uma empresa conhecida para apoiar os mais ambiciosos projectos da nossa era, como o Facebook e o Airbnb, entre outros, e criaram a  Transatomic Power em 2011, uma start-up, cuja ideia é usar um diferente processo de produção. Actualmente os reactores funcionam por fissão a "água pressurizada" com urânio 235. O que propõem Mark Massie e Leslie Dewan é retomar um antigo processo (1960), com base num reactor a sais fundidos (molten salt), cujos resíduos são utilizados como fonte de energia.


Maquete da Central Nuclear Transatomic Power

A liderança de Mark e Leslie neste novo sector valeu-lhes a participação em reuniões no Congresso dos EUA e inspirar muitos investigadores. Os EUA tornou-se o centro de toda a emoção associada a estas novas proezas tecnológicas. Longe de seu passado bélico da Guerra Fria, onde era o impedimento final, o nuclear adopta pouco a pouco uma imagem mais pacífica. Ray Rothrock, um dos maiores investidores no sector da energia, conta já com 55 start-ups activas na criação de uma alternativa ecológica através da energia nuclear nos Estados Unidos.

Os nomes mais sonantes de Silicon Valley estão também envolvidos muito a sério nesta corrida para o reactor de verde. Sam Altman, CEO do acelerador de startups, Y Combinator, entrou para a equipa de duas jovens empresas.

A Helion Energy está a desenvolver protótipos de reactores de fusão (Fusion Engines).  Fusão é o que alimenta o Sol que, por sua vez, cria quase toda a energia que recolhemos de outras maneiras. Outras energias renováveis, como a eólica e a solar, indiretamente aproveitam a energia de fusão do sol. Este mesmo processo pode ser usado na Terra para gerar energia limpa, sem as perdas de transmissão ou imprevisibilidade da energia solar, além de ser ambientalmente amigável. A UPower desenvolve a sua actividade na fissão, com o seu gerador atómico à escala do megawatt “always-on” isento de emissões.

No seio da TerraPower, Bill Gates, conta desenvolver uma tecnologia na fissão nuclear, cujos os resíduos também são usados como fonte de energia. Ele está actualmente a construir dois reactores na China. Um irá servir como um protótipo para outro de maior potência. Estes reactores podem ser altamente eficazes em áreas onde as redes eléctricos estão ainda pouco desenvolvias, como é o caso na Ásia.


Leslie Dewan et Mark Massie, fundadores da Transatomic Power.



Alex Cory, co-fundador da HackingEDU com Sam Altman, presidente da Y Combinator.

A corrente para este novo nicho de investigação e desenvolvimento é real, o caminho é no entanto longo até chegarmos a soluções industriais fiáveis. Vários obstáculos estão à vista. Em primeiro  lugar vem o da segurança, particularmente nos Estados Unidos, onde o progresso do sector nuclear está sistematicamente sujeito à aprovação de uma comissão, fortemente ligada ao lobby militar. Outro é a opinião pública. Falar do nuclear como uma solução para o problema ambiental é de alguma forma curar o mal com o mal, uma ideia que traduz o sentimento geral em plena celebração de 30 anos de Chernobyl, e com o drama de Fukushima ainda muito presente em todas as mentes. No entanto, como a energia renovável não será capaz de cobrir as necessidades energéticas do planeta, a exploração de um nuclear limpo impõe-se como uma evidência.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

O referendo do próximo dia 23 de Junho. Os mais e menos de um Brexit - V


O argumento mais forte para o Brexit é que é a única maneira de restaurar a soberania do Parlamento britânico e escapar à competência do Tribunal de Justiça Europeu. Sucede que num mundo com uma rede de tratados e obrigações internacionais, a soberania não é uma questão completamente binária.

Os supostos benefícios de Brexit são incertos e podem revelar-se ilusórios, enquanto que os riscos são muito maiores se os eleitores optarem por sairem da CEE. Sentimentos semelhantes levaram os britânicos a votar para ficar no projecto europeu, em 1975, e os escoceses para permanecer na união em 2014. Porém o resultado do referendo no próximo mês de junho parece mais incerto.

Isto parcialmente, deve-se ao facto dos defensores do Brexit pensarem  que os eleitores não serão influenciados por um cálculo frio dos custos e benefícios, mas pela sua visão geral da Europa. E no meio de uma enorme crise de refugiados e prisioneira num marasmo económico, a Europa não parece convidativa. Os referendos são sempre imprevisíveis, um choque repentino nos mercados, ou mesmo um acto terrorista, poderia fazer balançar eleitores.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Sujeito passivo e ensino privado

A TSF tem um programa de aconselhamento fiscal que de vez em quando escuto. O contribuinte é tratado como sujeito passivo. Posso estar enganado, mas a interpretação que faço, é que uma pessoa pode ser passiva de pagar impostos. Não gosto do termo, já que tenho sido bastante activo no que ao pagamento de impostos diz respeito, e preferia que no dito programa fosse tratado como contribuinte.

Vem isto a propósito dos sujeitos passivos, ou como eu prefiro, dos contribuintes deste país contribuírem com os seus impostos para o ensino particular. Para termos a exacta dimensão do que estou a falar, 20% da rede de escolas portuguesa é privada. 

Nada me move contra o ensino particular, antes pelo contrário, sou a favor da existência deste, mais não seja pelas condições que oferece, para além da eventual qualidade do ensino. O discurso da liberdade de aprender e ensinar não está em causa, mas o que deve ser equacionado é se o Estado deve financiar as escolas particulares. 

O ensino público é uma obrigação do estado, consagrada na constituição, e por consequência o estado, quer dizer os contribuintes, suportam o custo do ensino da escola pública. A escola particular ou privada é uma liberdade dos particulares que querem oferecer aos seus filhos uma opção, com outras ou melhores condições, e com um ensino que na maioria dos casos é melhor, de acordo com os rankings publicados anualmente.

Continuo sem entender, portanto, porque os contribuintes deste país devem contribuir com os seus impostos para o ensino particular. A única explicação que encontro, é a que, como no programa da TSF, somos sujeitos passivos.

domingo, 1 de maio de 2016

" A Protocol for Dying"

Ao criador de software Pieter Hintjens foi diagnosticado com cancro terminal aos 53 anos. Ele escolheu gerir o seu próprio destino, optando pela eutanásia, que está legalizada na Bélgica desde 2002. Pieter tem três filhos, com idades entre doze, nove e cinco. No último artigo que escreveu no seu site, delineou um protocolo para morrer, incluindo estes pensamentos sobre como ter uma conversa com alguém que sabe que vai morrer.

"Time for my last article. I could probably write more, yet there are times for everything and after this, my attention will be focused on the most comfortable position for my bed, the schedule for pain killers, and the people around me.

Yesterday I had twelve visitors, including my lovely young children. You'd think it's exhausting, yet the non-stop flow of friends and family was like being in a luxurious hot bath with an infinite supply of fresh water.

I was a disconnected and lonely young man. Somewhat autistic, perhaps. I thought only of work, swimming, my pet cats, work. The notion that people could enjoy my company was alien to me. At least my work, I felt, had value. We wrote code generators in Cobol. I wrote a code editor that staff loved because it worked elegantly and ran on everything. I taught myself C and 8086 assembler and wrote shareware tools. The 1990's slowly happened.

Over time I learned that if you chat with a stranger, in the course of any kind of interaction (like buying a hot dog, or groceries) they'll chat back with a beam of pleasure. Slowly, like a creeping addiction to coffee, this became my drug of choice.

In time it became the basis, and then the goal of my work: to go to strange places and meet new people. I love the conferences because you don't need an excuse. Everyone there wants, and expects, to talk. I rarely talk about technical issues. Read the code, if you want that.

And so I'm proud of my real work, which has been for decades, to talk with people, listen and exchange knowledge, and then synthesize this and share it on with others. Thousands of conversations across Europe, America, Africa, Asia. I'll take whatever credit people want to give me for being creative, brilliant, etc. Yet the models and theories I've shaped and documented are consistently drawn from real-life experience with other people.

Thank you, my friends, for that. When I say "I love you" it's not some gesture. You literally kept me fed, professionally and intellectually.

So I wanted to document one last model, which is how to die, given some upfront knowledge and time. I'm not going to write an RFC this time. :)

How it Happened

Technically, I have metastasis of bile duct cancer, in both lungs. Since February I've had this dry cough, and been increasingly tired and unfocused on work. In March my Father died and we rushed around arranging that. My cough took a back seat. On April 8 I went to my oncologist to say that I was really not well. She organized a rush CAT scan and blood tests.

On 13 April, a horrific bronchoscopy and biopsies. On 15 April, a PET scan. On 16 April I was meant to drive to Eindhoven to keynote at NextBuild. Instead I went to the emergency room with explosive pains in my side, where they'd done the biopsies. I was checked in and put on antibiotics, which fixed the pain, and on 18 April my oncologist confirmed it was cancer. I'm still here, and my doctors are thinking what chemo to try on me. It is an exotic cancer in Europe with little solid data.

What we do know is that cholangiocarcinoma does not respond well to chemotherapy. Further, that my cancer is aggressive and fast moving. Third, I've already some clusters in other parts of my body. All this is clear and solid data.

So that day I told the world about it, and prepared to die.

Talking to a Dying Person

It can be horribly awkward to talk to a dying person (let's say "Bob"). Here are the main things the other person (let's say "Alice") should not say to Bob:

"Hang in there! You must have hope, you must fight!" It's safe to assume that Bob is fighting as hard as possible. And if not, that's entirely Bob's choice.
"This is so tragic, I'm so sad, please don't die!" Which my daughter said to me one time. I explained softly that you cannot argue with facts. Death is not an opinion. Being angry or sad at facts is a waste of time.
"You can beat this! You never know!" Which is Alice expressing her hope. False hope is not a medicine. A good chemotherapy drug, or a relaxing painkiller, that's medicine.
"There's this alternative cure people are talking about," Which gets the ban hammer from me, and happily I only got a few of those. Even if there was a miracle cure, the cost and stress (to others) of seeking it is such a selfish and disproportionate act. With, as we know, lottery-style chances of success. We live, we die.
"Read this chapter in the Bible, it'll help you." Which is both rude and offensive, as well as being clumsy and arrogant. If Bob wants religious advice he'll speak to his priest. And if not, just do not go there. It's another ban hammer offense.
Engage in slow questioning. This is passive-predatory, asking Bob to respond over and over to small, silly things like "did I wake you?" Bob is unlikely to be a mood for idle chitchat. He either wants people close to him, physically, or interesting stuff (see below).
Above all, do not call and then cry on the phone. If you feel weepy, cut the phone, wait ten minutes, then call back. Tears are fine, yet for Bob, the threat of self-pity looms darker than anything. I've learned to master my emotions yet most Bobs will be vulnerable.

Here are the things that Alice can talk about that will make Bob happy:

Stories of old adventures they had together. Remember that time? Oh boy, yes I do… it was awesome!
Clinical details. Bob, stuck in his bed, is probably obsessed by the rituals of care, the staff, the medicines, and above all, his disease. I'll come to Bob's duty to share, in a second.
Helping Bob with technical details. Sorting out a life is complex and needs many hands and minds.
"I bought your book," assuming Bob is an author like me. It may be flattery, or sincere, either way it'll make Bob smile.
Above all, express no emotions except happiness, and don't give Bob new things to deal with.

Bob's Duties

It's not all Alice's work. Bob too has obligations under this protocol. They are, at least:

Be happy. This may sound trite yet it's essential. If you are going to be gloomy and depressed, Alice will be miserable every time she talks to you.
Obviously, put your affairs in order. I've been expecting death for years now, so had been making myself disposable wherever I could. For family, that is not possible. For work, yes, and over the years I've removed myself as a critical actor from the ZeroMQ community.
Remove all stress and cost that you can. For example Belgium permits euthanasia. I've already asked my doctors to prepare for that. (Not yet!, when it's time…) I've asked people to come say goodbye before I die, not after. No funeral. I'll give my remains to the university here, if they want them.
Be realistic. Hope is not medicine, as I explained. If you are going to negotiate with your doctors, let it be pragmatic and in everyone's interests. I've told mine they can try whatever experimental chemotherapy they wish to. It's data for them, and the least I can do for a system that's given me five+ years of extra life.
Assume the brutal worst. When my oncologist saw my scan she immediately called me and told me, in her opinion, it was cancer. In both lungs, all over the place. I put the phone down, and told the children. The next day I told their schools to expect the worst, then my lawyer, then my notary. Ten days later the biopsies confirmed it. That gave us ten more days of grieving and time to prepare.
Be honest and transparent with others. It takes time to grieve and it is far easier to process Bob's death when you can talk about it with Bob. There is no shame in dying, it is not a failure.
Explaining to the Children

My kids are twelve, nine, five. Tragic, etc. etc. Growing up without a father. It is a fact. They will grow up with me in their DNA, on Youtube as endless conference talks, and in writing.

I've explained it to them slowly, and many times over the years, like this. One day, I will be gone. It may be long away, it may be soon. We all die, yes, even you little Gregor. It is part of life.

Imagine you have a box of Lego, and you build a house, and you keep it. And you keep making new houses, and never breaking the old ones. What happens? "The box gets empty, Daddy." Good, yes. And can you make new houses then? "No, not really." So we're like a Lego houses, and when we die our pieces get broken up and put back in the box. We die, and new babies can be born. It is the wheel of life.

But mostly I think seeing their parent happy and relaxed (not due to pain killers), and saying goodbye over weeks feels right. I am so grateful not to have died suddenly. I'm so grateful I won't lose my mind.

And I've taught my children, to swim and bike and skate and shoot. To cook, to travel and to camp. To use technology without fear. At three, Gregor was on Minecraft, keyboard in left hand, mouse in right. At seven, Noemie learned to shoot a pistol. They speak several languages. They are confident and quick learners, like their dad.

And everyone needs to learn what it means to die. It is a core part of being a full human, the embrace of one's mortality. We fight to live, of course. And when it's over, we embrace the end. I'm happy that I can teach this lesson to my children, it is one that I never had.

Euthanasia

I am, finally, so glad I never quit Belgium. This country allows for death on demand, for patients who are terminal or have a bad enough quality of life. It takes three doctors and a psychiatrist, in the second case, and four weeks' waiting period. In the first case, it takes one doctor's opinion.

My dad chose this, and died on Easter Tuesday. Several of us his family were with him. It is a simple and peaceful process. One injection sent him to sleep, into a coma. The second stopped his heart. It was a good way to die, and though I didn't know I was sick then, one I already wanted.

I'm shocked that in 2016 few countries allow this, and enforce the barbaric torture of decay and failure. It's especially relevant for cancer, which is a primary cause of death. Find a moment in your own jurisdiction, if it bans euthanasia, to lobby for the right to die in dignity.

My Feelings on All This

I've never been a fearful person. My last brush with death left me so casual about the whole concept of professional and social risk that I became the predatory character Allen Ding so nicely describes. That calmed down after our Game of Thrones project ended. It was never really me, just the person I became to make things work, in that place and time.

Having had years to prepare for this, and having seen a great many delicate plans come together over those years, leaves me deeply satisfied. Since 2011 I've become an expert pistol shot, taught myself to play piano (and composed many small pieces), seen my children grow into happy, bubbling characters, written three books, coached the ZeroMQ community into serene self-reliability. What more can a Bob ask for?

The staff here are lovely. I've no complaints, only gratitude to all my friends for the years of pleasure you've given me, my drug, which kept me alive and driven.

Thank you! :)

Think of the Children

Please use this article to add your stories. If you have them elsewhere, or you emailed me, copy/paste as a comment. Feel free to write in Dutch or French if that's your language. I'd really like a single place where my kids can come and read what other people say about their dad.

Many people have asked my PayPal address ph@imatix.com, to send a donation for my children.

Living Obituaries

Thank you to the following people for their articles:Ewen McNeill, Allen Ding, Meredith L. Patterson, Sylan Beattie, Jef Claes, Josh Long."