Comer num fast food, por vezes, pode ajudar à compreensão dos fenómenos económicos. A revista britânica The Economist desenvolveu em 1986 e o índice Big Mac para medir a paridade de poder de compra. O preço deste Hamburger da McDonald em diferentes países nos permite-nos compreender a sobrevalorização (ou desvalorização) das moedas face às outras. Esses dados permitem também, cruzar com o salário médio por exemplo, para classificar os níveis de vida relativos dos países.
Hoje, McDonalds e Burger King colocam-nos outra pergunta: podem as leis do mercado corrigir seus próprios excessos? Segundo a teoria, a livre concorrência e o jogo entre oferta e procura permitem encontrar um equilíbrio virtuoso. A prática é menos idílica, especialmente porque a informação é repartida de modo muito desigual entre os agentes económicos. É por isso que algumas salvaguardas são absolutamente necessárias para evitar a formação da cartelização (policiamento da concorrência), para proteger a saúde dos consumidores (autoridades sanitárias), e limitar o risco de especulação financeira (regulador da bolsa), etc.
Mas acontece, e cada vez que acontece é uma verdadeira surpresa, que uma mão invisível vem substituir o policiamento ausente ou defeituoso. A cadeia Burger King anunciou no passado dia 10 de Março, que iria retirar refrigerantes dos menus para crianças nos EUA, onde dois em cada três adolescentes têm peso a mais. No mesmo dia o grupo Dunkin’n Donuts anunciou que iria retirar das suas recitas o dióxido de titânio, utilizado como agente branqueador polvilhado sobre os seus donuts.
Um pouco mais cedo, a 4 de Março, o líder mundial de fast-food, a cadeia de restaurantes McDonalds, anunciou a sua intenção de retirar num período de dois anos, frangos com antibióticos nos seus 14 000 restaurantes nos EUA.
Nenhum regulador institucional caiu em cima destes grupos internacionais para que mudassem os seus apetitosos segredos de fabricação. O mercado encarregou-se do o fazer. Neste caso, os consumidores, pela voz das associações americanas como o Center for Science in the Public Interest ou The Pew Charitable Trusts. Campanhas de ONGs contra o “junk-food” podem produzir os seus frutos… se os consumidores forem sensíveis.
Símbolos desta indústria como a Coca-Cola ou McDonalds vêm as suas vendas baixarem no seu próprio mercado. Parece que estas iniciativas são mais eficazes que a do policiamento.
Na Europa, o consumidor está mais protegido por reguladores mais estritos. Isto não deveria fazer com que abdicassem do seu poder de decisão e influenciar assim o equilíbrio do mercado.
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