quinta-feira, 12 de março de 2015

Porque não baixam os preços dos bilhetes de avião?





As maiores companhias de aviação estão a poupar biliões de euros com os actuais preços do petróleo. Poderão parte destas poupanças serem repassadas para os passageiros?

Se quisermos saber quem está beneficiar da queda dos preços do petróleo, não precisamos procurar longe. "Este foi o melhor ano, de há muito tempo a esta parte, na história da American Airlines", comentou o seu CEO, Doug Parker, algumas semanas atrás, na apresentação dos resultados da companhia relativos a 2014, com um lucro de $4.2 biliões.

A boa performance das companhias áreas é uma boa notícia para os seus accionistas e trabalhadores, cujos os aumentos de salários, estão em muitos casos congelados.

E para os passageiros? será a que enorme queda do preço do combustível aeronáutico teve efeitos nas tarifas praticadas? Parece que não. 

Estou neste momento a comprar um bilhete para Novembro na Lufthansa, do Porto para Nova York, com escala em Frankfurt. Irei participar na New York Marathon em 1 de Novembro. O ano passado, praticamente com a mesma antecedência, paguei 648,44€, o preço actual para o mesmo trajecto é de 857,38€.

Por razões familiares, deslocou-me com alguma frequência a Praga. O ano passado por esta altura paguei 323,33€ para um voo Porto-Frankfurt-Praga na Lufthansa. Neste momento, o mesmo percurso com a mesma tarifa (há promoções em curso) sai a 399,86.

Não sou o único a constatar que os preços não acompanham a descida do preço do petróleo, comentando este facto com amigos meus, eles partilham do mesmo modo de ver.

Há uns anos atrás o custo do carburante subiu para $0,8 por litro, e as companhias aéreas aplicaram taxas sobre o custo do combustível. Neste momento o preço do combustível está abaixo de $0,45 e as taxas mantêm-se. O Department of Transportation dos EUA confirma que as tarifas estão ao nível mais alto de sempre. 

Como é que isto acontece? Inicialmente alguns, defendiam que as Companhias, quando petróleo estava bem acima dos $100 por barril, tinham implementado estratégias de cobertura de preços que os trancavam acima de um determinado valor, não perspectivando a descida que se veio a verificar.

Agora sabe-se que esta estratégia foi adoptada para uma parte das compras de combustível, o que foi um acto de prudente de gestão. 

Mas não é esta a verdadeira razão. Na última década, as Companhias aéreas saturaram a capacidade (ainda me lembro de aviões de 100 lugares com 20 ou 30 passageiros!), optimizando rotas, vendendo e aviões. Houve fusões e aquisições como KLM+Air France+Transavia, British Airways+Ibéria+Vueling, Lufthansa+Swiss+Austrian. 

Estes passos ajudaram a manter os preços no actual nível. 

Vejamos o que se passa na rota Nova Iorque-Londres. Não há muito tempo, havia meia dúzia de Companhias de Aviação, competindo por passageiros, e era comum a guerra de preços. Hoje, três companhias impuseram-se às restantes e ditam as leis: British, American, Delta-virgin e a United-Continental.

Se visitarmos um site de viagens, verificamos que as tarifas são praticamente iguais, e um passageiro frequente sabe, que estes preços são mais altos do que eram.

Na Europa, as alternativas são a Ryanair, Easyjet , e as outras operadoras de baixo custo. Mas como se sabe, mesmo que o serviço tenha piorado nas outras Companhias, não se pode comparar a Lufthansa com a Ryanair. Esta última, mesmo com um rácio de 800 passageiros por trabalhador, que compara com os cerca de 400 passageiros por trabalhador da Lufthansa, continua a ter resultados excelentes, pensando os passageiros que é pela produtividade que os conseguem, já que as suas tarifas são muito inferiores. Mas a Ryanair está também a beneficiar dos baixos preços do combustível, e pessoas ligadas à aeronáutica, afirmam que a Ryanair pode praticar preços ainda mais baixos.

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