terça-feira, 17 de março de 2015

Fernando Ulrich - A verticalidade dos Almeidas e a horizontalidade dos Cabrais




Fernando Ulrich hoje na Comissão de Inquérito BES a responder a uma deputada do PSD: " Senhora deputada, eu peço desculpa, mas eu vou ser mais claro ainda, se calhar porque estou cansado. Não é segredo para ninguém que eu voto tradicionalmente no PSD. Eu votei Passos Coelho e provavelmente voto outra vez, mas, dito isto, eu não concordo com esta visão que isto passa completamente ao lado do governo, tenho imensa pena, digamos contra mim falo, porque sou, digamos, desse lado, mas não consigo concordar com isso. Nós tivemos um programa de ajustamento económico e financeiro com a troika que tinha uma componente para os Bancos. Esse programa foi negociado entre a troika e o governo português, e foi cumprido pelo governo português, e tinha uma componente do sistema financeiro. Os bancos que recorreram a capitalização pública, tiveram que acordar planos de restruturação com a Direcção Geral de Concorrência da UE, intermediados, digamos assim, pelo Ministério das Finanças do governo português. e portanto eu não consigo partilhar e aceitar esta visão de que isto foi tudo ao lado do governo e que foi o Banco de Portugal que fez tudo sozinho. Tenho imensa pena, e se houve alguem que ao longo do tempo, e tive bastantes incómodos com isso, se calhar fez comentários ou críticas que o Banco de Portugal não gostou, se alguém que o fez fui eu ao longo de vários mandatos e com vários governadores, e de facto nunca nenhum deles gostou que eu fizesse esses comentários, e portanto eu estou à vontade. Quando era altura de criticar e de chamar a atenção para coisas que não estavam bem, eu quando entendi que o devia fazer publicamente, eu fi-lo, mesmo sujeitando-me a grandes incómodos, mas não estou disponível para a partir daí dizer que a culpa é toda do Banco de Portugal, mais ninguém teve nada a ver com isto. Eu não me revejo nisso. Aquilo que eu vivi, aquilo que eu vi, aquilo que eu ouvi, aquilo que eu li, tudo somado, e já estou no fim, não preciso de ir a pormenores, é a minha visão holística ou de conjunto desta situação, não é possível excluir o governo desta situação. Tenho imensa pena, falo contra o meu, digamos assim, interesse político, chamemos-lhe assim, mas não é possível fazer essa separação. Eu não consigo aceitar que um governo e um ministério das finanças se isolem, e se desinteressem do que se passa no sistema financeiro do seu País, quer dizer, não é possível, é a ministra das finanças que está no Eurogrupo, que está em fóruns internacionais onde também são discutidos temas ligados ao sistema financeiro, etc. e portanto, lamento mas entendo que as responsabilidades são mais vastas. "

1 comentário:

  1. Finalmente alguém que vai prestar esclarecimentos à comissão de inquérito e que não tem ataques súbitos de amnésia.

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