segunda-feira, 6 de abril de 2015

A melhor maneira de doar



No novo livro de Peter Singer , “The Most Good You Can Do”, ele foca a nossa atenção num novo movimento em que suas próprias ideias desempenham um papel crucial: o altruísmo eficaz.

Bill e Melinda Gates consideraram "The Most good You Can Do" como "An optimistic and compelling look at the positive impact that giving can have on the world"

O altruísmo eficaz é construído sobre a ideia de que viver uma vida plenamente ética envolve fazer o “The most good you can do”. Isto exige uma visão não sentimental das doações de caridade: para ser merecedora de apoio, uma organização deve ser capaz de demonstrar que vai fazer melhor o bem com o nosso dinheiro ou o nosso tempo, do que outras opções em aberto.

Singer apresenta-nos um conjunto de pessoas notáveis que estão reestruturando as suas vidas de acordo com essas ideias, e mostra como viver de forma altruísta, muitas vezes leva a uma maior realização pessoal do que viver para si.

The Most Good You Can Do desenvolve os desafios que Singer faz aos que doam para as artes e para instituições de caridade focadas em ajudar os concidadãos, e não para aquelas ou aqueles para os quais, nós “can do the most good

Os altruístas eficazes estão chamando a nossa atenção para as possibilidades de viver menos egoisticamente, e de permitir que razão, ao invés de emoção, determine como vivemos. The Most Good You Can Do oferece uma nova esperança para a nossa capacidade de resolver os problemas mais urgentes do mundo.

Singer tem sido o líder do movimento, e no Livro “The Most Good You Can Do” explora o significado de viver de forma ética.

O livro, traça uma visão sombria das doações de caridade convencionais, tais como apoio museus de arte, universidades, igrejas ou abrigos de cães. Singer pergunta: Apoiar um museu de arte é tão socialmente útil como, por exemplo, ajudar as pessoas a evitar a cegueira?

Afinal, uma instituição de ajuda americana, Helen Keller International, corrige  a cegueira nos países em desenvolvimento por menos de US $ 75 por paciente. É difícil ver como uma modesta contribuição para uma igreja, ópera ou universidade será tão transformadora como ajudar os cegos a ver.

GiveWell, um site que reflete o ethos do movimento doação eficaz, recomenda instituições de caridade particulares pelo custo-eficácia. As suas principais recomendações no momento são a Fundação Contra a Malaria, GiveDirectly (transferir o dinheiro diretamente para os mais pobres), a Iniciativa de Controle da Esquistossomose (a esquistossomose ou bilharzíase é uma doença crónica causada por platelmintos parasitas  e multicelulares do género Schistosoma. É a mais grave forma de parasitose provocada por organismos multicelulares, matando milhares de pessoas por ano), e a Iniciativa Mundial para a Desparasitação (desparasitação crianças).

O próprio Singer doa cerca de um terço dos seus rendimentos à caridade.

Ainda assim, interrogo-me sobre três coisas:
  1. Em primeiro lugar, onde é que vamos traçar a linha? 
  2. Se estamos dispostos a doar um terço dos nossos rendimentos para maximizar a felicidade, então por que não dois terços? 
  3. Por que não viver num parque de campismo de modo a ser capaz de doar 99 por cento e prevenir mais casos de cegueira?
Quero ir  jantar fora com a minha mulher sem sentimento de culpa; Quero ser capaz de ir assistir a um filme sem pensar que em vez disto deveria comprar uma cama com mosquiteiro. Há mais vida para além de auto-mortificação, e a obsessão com o cálculo de custo-benefício, parece-me que, não obstante a bondade da iniciativa, esta retira alguma alegria de viver.

Peter Singer é Professor de Bioética Princeton e de História e Filosofia em Melbourne. 

1 comentário:

  1. Ora bem!
    Acho que estou de acordo com o autor deste post.
    A miséria do mundo é tão avassaladora que me parece algo simplista e até demagógico, abordar o tema pela perspectiva do despojamento parcial do fruto do nosso trabalho, em prol da resolução dos problemas do mundo.
    Uma coisa é do ponto de vista altruísta, abarcarmos uma causa e empenharmo-nos nela, assumindo desde logo que a nossa condição humana não nos permite resolver os problemas do mundo. Seja essa causa, qual for: o analfabetismo, as discriminações de género,a religião, a orientação sexual, a mortalidade infantil, a violência domestica... " you name it!"
    Outra coisa é o despojamento tal como o vê Peter Singer que para mim fará sentido se se optar por fazer um voto de pobreza e se viver dos outros e para os outros, abdicando da fruição dos nossos próprios desejos e pequenos prazeres!

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