quarta-feira, 8 de abril de 2015

“Como se recrutam arquitectos em Portugal – o caso da Polígono”

Tenho um amigo arquitecto que trabalha nas energias alternativas há já cinco anos. Quando lhe perguntei a razão de ser da mudança da sua actividade e para a qual se formou, respondeu-me que “não foi ele que abandonou a arquitectura mas arquitectura que o abandonou". Hoje ganha a sua vida com a exploração duas pequenas centrais  fotovoltaicas cuja produção de energia elétrica vende na rede, à EDP. 

Tem também uma pequena empresa que se dedica à elaboração de projectos chave na mão, usando o sol como fonte de energia.

A sua última iniciativa foi a da plantação de pinheiros mansos, usando terrenos da família que estavam ao abandono. Deste projecto que começou com a apanha de pinhões nos Jardins de Serralves, resultaram 300 pinheiros em pleno crescimento, alguns já ultrapassando a fasquia dos 2 metros. Daqui pode resultar madeira se o preço da madeira de pinho for sedutor, quando os pinheiros estiverem capazes de ser cortados, ou pinhão para consumo, que como todos sabemos da última época natalícia, o seu preço levantou voo.

Outro arquitecto que teve que mudar o rumo da sua vida, foi o nosso filho. Como muito outros, saiu do País e desenvolve a sua profissão da República Checa. 

A crise atacou quem vivia muito da área da construção, seja das obras públicas ou particulares, deixando muitos arquitectos no desemprego, e a saída tem sido a emigração para outros países da Europa, América Latina e Ásia.

Nos últimos anos, vários ateliês de arquitectos consagrados, desde Álvaro Siza Vieira a Carrilho da Graça, têm vindo a alertar para as dificuldades do sector, desde o agravamento da crise económica do país, afectando a construção e o imobiliário. 

Se somarmos a esta situação o crescimento do número de licenciados em arquitectura, que segundo estimativas da Ordem dos Arquitectos atingiu os 30 000, estes dois factores conjugados em simultâneo, conduziram à actual situação de falta de trabalho.

As cidades apostaram muito na arquitectura enquanto criadora de ícones sociais e Portugal não foi excepção, usando fundos nacionais e europeus gastos na construção de escolas, estádios, museus e centros culturais. 

Devido à falta de trabalho, assiste-se a uma diversificação do exercício da profissão que pode levantar problemas de regulação, formação e responsabilidade, quando estes profissionais trabalham em design, artes cénicas, ou indústria.

Para se perceber melhor onde a arquitectura chegou em Portugal, o prémio do primeiro classificado no concurso de arquitectura para o revamping do Restaurante Panorâmico de Monsanto, é de 500€, com uma inscrição de 20€. Se o projecto for ganhador a associação promotora garante uma participação no próximo concurso.

O que me despertou para estas linhas de hoje foi o texto que se pode ler aqui: "Como se recrutam arquitectos em Portugal – o caso da Polígono”

1 comentário:

  1. Esse seu amigo é muito estranho... Eu no lugar dele em vez de 2 teria 3 centrais fotovoltaicas e tratava de encomendar já a máquina de partir e embalar pinhões. Depois rezava muito todos os dias, pois se vêm uma tempestade ou um incêndio fica sem nada, nem painéis nem árvores. Com a idade também se esgota a capacidade de nos reinventarmos, mas pelo menos tenhamos sempre energia para mandar os da "Polígono" e outros p'ró c.......

    ResponderEliminar